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      Uma Artsita que sente e vive a arte

Quando estamos  diante de uma obra da artista plástica Thais Lino, não observamos apenas uma boa composição de cores e traços firmes que nos fazem percorrer pela obra em todas as direções. Podemos ver uma quantidade variada de materiais que não só apenas compõe seus desenhos, como muitas vezes dão forma aos desenhos. Também observarmos, com um olhar mais atento; ou melhor, devemos observar mais atentos ao que essa artista quer nos mostrar de verdade. Não é apenas o abstracionismo das formas, linhas e composições de cores que a primeira vista nos salta aos olhos e nos faz “ler” a obra pelo lado estético. Temos que procurar o lado conceitual da obra. Devemos seguir por esse caminho conceitual sem preguiça, porque a artista nos apresenta seus personagens com os sentimentos muitas vezes dissecados com toda sua criatividade.
Bom... Olhando por trás da forma abstrata, que inicialmente é a forma mais fácil de ver nas obras de Thais, temos um elaborado pensamento filosófico que nos mostra a relação dos sentimentos vividos pelas pessoas e suas variadas maneiras que esses sentimentos reagem em nós. Por isso suas obras muitas vezes são regadas com olhos, bocas e órgãos do corpo humano que mostram de maneira ilustrativa e de livre conceito como aquele personagem reage internamente com algum sentimento vivido por ele. 
Thais disseca o corpo humano e mostra de maneira única os músculos de um rosto quando seu personagem está pensando sobre as questões que o afligem de um mundo onde vive. Ou mostra os olhos arregalados, nervos, emoções... Um cérebro tonto enquanto o mundo gira e o personagem segue girando com ele. Nesse momento, os pensamentos de seu personagem giram junto e se espalham pela tela em cores e formas que ocupam o espaço branco. 

Propositalmente a artista consegue nos colocar dentro desse giro introspectivo através de suas linhas desenhadas em curvas com uma perspectiva afunilada que some no centro da tela. Talvez ali nesse buraco negro seja o lugar pra onde levamos nossos pensamentos ou sentimentos? Toda essa sensação que descrevi nas linhas de cima, encontramos na obra de título “O Mundo gira e eu giro com ele”. E nessa mesma obra, não dá pra não notar o principal elemento: uma boca bem chamativa que é posicionada em lugar que nada deixa a desejar a composição anatômica e proporcional de um rosto humano. Em baixo de um grande olho azul, essa boca entre aberta parece que está em êxtase com todo esse giro e sensações. Observando apenas a boca, vemos que seu personagem gosta desse movimento. Em um leve sorriso nos passa essa sensação de prazer.

E quando olhamos o conjunto todo: boca, olhos, músculos, cérebro, nervos... Observo certo desconforto com tudo que está acontecendo. Aquele prazer se torna algo mais intenso. O arregalar do olho e a boca entre aberta mostra que Thais consegue trabalhar várias expressões humanas em uma só composição nos mostrando prazer e medo, por exemplo, dependendo de como “lemos” sua obra.

Com uma facilidade técnica de quem se esmera pela perfeição. Sua capacidade de colocar nas telas essas emoções que seus personagens dissecados apresentam de maneira tão bonita e criativa, usando tinta, nanquim, plástico, tecido, objetos recolhidos no cotidiano da artista em todos os lugares que ela frequenta, me faz pensar que ela não apenas caminha com destreza nas técnicas das artes plásticas, mas também consegue colocar em suas obras tudo que pesquisa e vive da filosofia, da estética, da ética... Enfim, da vida!

 


André Ventorim
Artista Plástico

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